Relatos de Uma Professora

Hoje dei aula na Educação Infantil, Jardim I, crianças de 4 anos e meio.

Fase em que a prioridade deve ser concedida ao trabalho GLOBAL EQUILIBRADOR DA AFETIVIDADE. Sapiente quem escreveu isto, porque às 13 horas e 20 minutos, do dia de hoje, tendo 3 crianças chorando e 12 ansiosas por ver e pegar tudo que estava a sua volta: mochilas novas, diversos materiais novos, uma escola nova, cadeiras, armários, brinquedos em volta, garrafa d’água (como criança gosta de beber água, quando a gente cresce não sabe beber água), uma mulher grande (nem tão grande, mas perto deles, enorme), aparece para eles e, diz que é Professora de Educação Física.

Uhm!!....

E eu tinha preparado a aula, mas o quê?

Como dar conta de tanto tênis desamarrado?

Quem inventou tênis com cadarço para esta idade?

Como dar conta de tanta garrafinha com água? Uma felicidade que não cabe em palavras, é ter uma garrafinha com água.

E as merendas? Como se conter sem comer as merendas logo? Por que esperar a hora?

Como dar conta de fazer uma fila? E não pode furar fila? FURAR FILA????? Isso não existe! Nem fila existe!!!!!

Como dar conta dos que se arriscam correr, mesmo sendo contra a “lei” e caem, muitos, amontoados e, recomeça o choro. Acalmei os feridos e, os demais, somem...Aonde vão????

E eu tinha um Plano de Aula!

Lembrei do objetivo da Educação Física para esta fase: prioridade deve ser concedida ao trabalho GLOBAL EQUILIBRADOR DA AFETIVIDADE, abri a sala de materiais para Educação Física e vi, lindas bolas de handebol. Muitas bolas, lindas bolas e levei, uma bola linda para cada um. Os choros secaram, como se nenhuma lágrima tivesse caído, esqueceram dos pais e das mães que foram embora e os deixaram na escola. Esqueceram dos tombos a cada tentativa de corrida, só não esqueceram dos cadarços dos tênis. Amarrei uns 25 cadarços, hoje. 

 EU ESTAVA FELIZ E ELES ESTAVAM FELIZES.
ISSO É SER PROFESSOR!

Por: Dorilda Paula

Profª de Ed. Física